A Fundadora
A Madre Purificação dos Anjos Silva nasceu em Miuzela do Coa, distrito da Guarda, a sete de março de 1904. Filha de pais humildes que viviam no campo, era a terceira de sete irmãos e irmãs. Foi criada num ambiente simples e austero, mas profundamente cristão.
Aos dez anos fez a sua primeira comunhão, que a marcou profundamente, passando, desde então, horas e horas ajoelhada diante do sacrário.
Aos dezoito anos, depois de muitas peripécias, a jovem Purificação entra na Companhia de Santa Teresa de Jesus, Instituto de Vida Consagrada que tinha um colégio em Elvas. A 15 de outubro de 1924, começava o seu postulantado em Tortosa, Espanha, com mais dez companheiras, sendo ela a única portuguesa.
Foi durante a estadia em Tortosa que Purificação sentiu o chamamento de Deus a ser Fundadora. Costumavam as dez postulantes dar um passeio pelo quintal da Comunidade, à tardinha, em grupos de três, depois da merenda, quando, certo dia, Purificação ouviu claramente uma voz que lhe dizia: ”Quero que fundes uma Congregação muito pobre, muito humilde e muito observante”. Essa voz nunca mais se largou da sua mente, como se fosse uma ordem a cumprir a todo o custo. Saiu, então, do Instituto das Irmãs Teresianas e deu início a uma obra para crianças na Paróquia de Arroios em Lisboa a que deu o nome de “Casa de Caridade das Servas da Sagrada Família”.
O sonho da Madre Purificação dos Anjos Silva desabrocharia completamente quando Dom António Ribeiro, Patriarca de Lisboa, aprovou canonicamente a Congregação das Irmãs Servas da Sagrada Família.
Nessa altura, já diversas casas e escolas tinham sido abertas pela Fundadora e suas Irmãs em diferentes pontos do país.
No dia 22 de janeiro de 1988, a Fundadora partiu definitivamente para a “Casa do Pai”, deixando para trás, como um rasto de luz, uma vida cheia e virtuosa
Carisma
A Congregação das Irmãs Servas da Sagrada Família tem o seu carisma definido nos nºs. 1 e 3 das Constituições. Diz respeito esse carisma a duas linhas essenciais traçadas pelo Espírito de Cristo: o serviço dos mais pobres, assistidos num especial ambiente de família.
A Congregação faz, portanto, uma clara opção a favor dos pobres – pobres de pão, material ou espiritual, de carinho ou de saúde, de instrução ou de fé e de esperança.
Dedica-se particularmente à libertação humana e espiritual de crianças e de jovens provenientes das classes mais desfavorecidas, alargando o seu raio de ação a infantários, colégios, lares, hospitais, obras missionárias e outras atividades apostólicas.
Foi claramente definido pela Fundadora ao afirmar que consistia em restaurar os lares, recebendo crianças pobres, abandonadas, em regime de Internato, e outras, em regime de Externato, catequizando pais e filhos, instruindo-os nos valores e na fé.
Recebem-se também as crianças de famílias com bens como meio de sustento das outras e como processo de expansão da Congregação.
Projeto
Seremos felizes se, em cada uma de nós e na Congregação inteira, se realizar o que Jesus disse na Sinagoga de Nazaré, citando o profeta Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres: enviou-me a pregar a libertação aos cativos e a recuperação da vista aos cegos: a pôr em liberdade os oprimidos: a anunciar um ano de graça do Senhor.
Inspirada na sagrada Família de Nazaré, a Congregação quer distinguir-se pelo ambiente de paz e alegria, simplicidade e abertura, pureza e acolhimento que devem florescer no seio das Comunidades. Esta “espiritualidade de Nazaré” irradiará para fora envolvendo os “pequeninos” do Evangelho a nós entregues, num clima de ternura que supra as suas carências afetivas e lhes proporcione um desenvolvimento harmonioso da personalidade humana e cristã.
Seguindo fielmente a orientação pedagógica da Fundadora, a Congregação encara a família como agente da educação das crianças, e a educação das crianças como meio para atingir as famílias.
