29Out

Na última semana de outubro, o ESMA comemorou e prestou homenagem à belíssima e enigmática região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Terras de gentes humildes, de trabalho e sabedorias ancestrais. Trás-os-Montes era uma das seis grandes divisões administrativas em que se encontrava dividido o território de Portugal, desde o século XV. Tradicionalmente, o território de Trás-os-Montes é limitado a norte pela Galiza, a leste pela Região de Leão, a oeste pelo rio Tâmega e a sul, pelo rio Douro.
Trás-os-Montes destaca-se principalmente pelas suas paisagens contrastantes. A norte está o Parque Natural de Montesinho, a leste o Parque Natural do Douro Internacional, que faz fronteira com Espanha, a noroeste o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a leste as serras do Marão e Alvão e a sul a região do Alto Douro Vinhateiro, declarada Património Mundial pela Unesco a 14 de Dezembro de 2001. O nordeste da região foi declarado reserva da biosfera pela Unesco sob o nome de Meseta Ibérica.
A região foi sempre dividida em duas zonas climáticas, conhecidas como a Terra Fria transmontana e a Terra Quente transmontana. A Terra Fria é a zona com invernos muito frios e longos, com verões quentes e secos, enquanto a Terra Quente tem invernos mais curtos, embora igualmente muito frios, com verões muito quentes e secos que deixam a sua influência sentida mesmo na primavera e no outono, que são mais curtos do que normal.
A região destaca-se assim por ter a maior área de vinhas, castanheiros, amendoeiras, nogueiras e macieiras de todo o país, e por ser a segunda região com maior área de olivais e cerejeiras.

Feijoada à transmontana
A feijoada à transmontana é uma versão muito popular deste prato típico português. É feito com feijão vermelho, carne de porco ou bovina, chouriço, tomate, cenoura e acelga, geralmente acompanhado de arroz seco. Trata-se de um prato de coração, um dos chamados pratos de inverno, que deu aos camponeses transmontanos a energia de que necessitavam para enfrentar com sucesso a paisagem agreste e ondulante transmontana. Tem uma multiplicidade de sabores e texturas diferentes. As classes superiores fizeram-no mais com vitela, as classes inferiores com carne de porco. Eram as duas carnes mais comuns na dieta básica da época. Comer vitela e galinha todos os dias era um privilégio das classes altas.